O espaço não foi a fronteira final para o cientista da computação Maarten Sierhuis.

O ex-pesquisador da NASA, que já projetou interações entre robôs e humanos e desenvolveu sistemas de Inteligência colaborativa para a exploração do espaço, agora foca seus esforços em algo mais próximo de sua casa: a inteligência artificial que está ajudando a desenvolver o futuro dos veículos autônomos da Nissan.

Entretanto, a paixão que levou o expert em robótica e inteligência artificial ao apogeu do programa espacial estadunidense não esfriou com sua mudança para um trabalho "térreo" como diretor do Centro de Pesquisa da Nissan (NRC) no Vale do Silício, na Califórnia.

"Trazer esta nova tecnologia a sociedade vai mudar tantas coisas", diz Sierhuis, nativo dos Países Baixos que vive nos Estados Unidos desde 1989. "E você pode achar que estou louco, mas para mim, parte da minha vontade de pensar sobre todos estes tipos de problemas é que quero que sejam executados corretamente".

Sierhuis busca uma abordagem que contemple as pessoas primeiro, que se alinha muito com a estratégia de veículo autônomo da Nissan, focada em oferecer aos motoristas novas escolhas na estrada, se aproximando de um veículo que dirija por conta própria, fato que o fabricante de automóveis acredita estar a menos de uma década de distância.

Isto implica na construção de carros e caminhões nos próximos anos que ofereçam ao motorista a escolha entre direção automática em vários pontos do trajeto, ou ter o controle durante todo o tempo.

Mesmo quando o motorista está controlando o veículo, as funcionalidades autônomas continuam a monitorar as condições e, em evento de perigo eminente, auxiliam o condutor a evitar um acidente.

Sierhuis, que tem um Ph.D. em inteligência artificial pela Universidade de Amsterdam, diz que seu time aplicará aprendizados antropológicos ao design dos sistemas autônomos – uma estratégia que tem empregado desde o começo dos anos noventa, primeiro na NYNEX Corp. (atual Verizon) e depois na NASA.

Isto significa que eles estudarão as interações humanas com os sistemas para garantir que "possamos construir sistemas que são bons para as pessoas, " ele diz.

A primeira das tecnologias autônomas de direção foi introduzida em julho. Conhecida como "ProPILOT, " ela permite que carros sejam guiados de maneira autônoma e segura no trafego pesado de rodovias.

Em 2018, a Nissan espera revelar um aplicativo de "controle de múltiplas faixas", que poderá autonomamente lidar com ameaças e mudar de pistas durante a direção em rodovias. Em 2020, ela planeja adicionar ao veículo a capacidade de navegar pela cidade, passando por cruzamentos sem a intervenção do motorista.

Até lá, a aliança Renault-Nissan planeja lançar mais de 10 modelos com significativas funcionalidades de direção autônoma nos EUA, Japão, Europa e China.

Sierhuis, cujo time no Vale do Silício é um dos vários da Nissan e Renault trabalhando no programa de veículo autônomo ao redor do mundo, usa o longo trajeto de sua casa, em São Francisco, até o centro de pesquisa em Sunnyvale para mostrar as vantagens que um sistema tão flexível oferecerá.

"A única coisa que realmente gosto em meu trajeto diário é que tenho este tempo para mim mesmo" ele diz. E se o carro puder dirigir a si mesmo por parte do caminho, "isto seria a melhor coisa que poderia acontecer para mim. "

Motoristas terão opções produtivas ou relaxantes para esta nova brecha de tempo encontrada: a Nissan planeja estender um pacote de serviços conectados no curso dos próximos anos, incluindo integração com smartphone, acesso a informações do ambiente e de trânsito através de um sistema de comunicação de bordo e interações remotas com o veículo via aplicativo mobile.

Mas Sierhuis, que ama dirigir desde que seu pai o ensinou em estradas na América do Sul quando ainda era adolescente, diz que alguns trechos das estradas definitivamente precisarão de mãos humanas no volante.

Ele se recorda, por exemplo, da "incrível experiência" de dirigir os quase 387 km de Dhahran a Riyadh na Arábia Saudita com seu pai, no começo dos anos 80.

"Dirigir pelo deserto com camelos na estrada... Eu literalmente quase bati num banco de areia porque achei que vi água na minha frente na estrada (que era uma miragem). Esta será uma experiência que nunca esquecerei. "

Contrastes como este que o ajudam a explicar a direção autônoma para amigos ou conhecidos que dizem não ter certeza se estariam confortável ao entregar o comando de seus veículos para uma máquina – mesmo para uma que foi projetada com o seu conforto e segurança em mente. É uma questão de escolha, ele diz a eles.

"Eu sou uma dessas pessoas. Eu quero a capacidade de dirigir por conta própria e de ser guiado, " diz Sierhuis. "E eu quero decidir qual opção escolherei no momento. "

 

# # #

Emitido pela Nissan